📄 ARTIGO CIENTÍFICO

Pesquisa PrimáriaAplicada em campo

COVID longa: quanto mais sintomas, maior o uso de serviços de saúde no SUS

Título Original (Português): Efeito dose-resposta entre o número de sintomas de COVID longa e o uso de diferentes serviços de saúde

Original Title (English): Dose–response effect between the number of long COVID symptoms and the use of different health services

Autores:

Yohana Pereira Vieira, Juliana Quadros Santos Rocha, Vanise dos Santos Ferreira Viero, Bruno Pereira Nunes, Luiz Augusto Facchini, Suele Manjourany Silva Duro, Rosália Garcia Neves, César Fernández‑de‑las‑Peñas, Mirelle de Oliveira Saes

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COVID longa: quanto mais sintomas, maior o uso de serviços de saúde no SUS

Tipo de Estudo

Pesquisa Primária

Objetivo da Pesquisa

Identificar como as pessoas com sintomas de COVID longa utilizaram os serviços de saúde (Atenção Primária, urgências, consultas com especialistas) seis meses após a infecção inicial, em uma cidade no sul do Brasil.

Problema/Lacuna que Soluciona

A COVID longa é uma condição nova que afeta múltiplos sistemas do corpo, mas há pouca informação sobre como ela impacta a demanda por serviços de saúde no Brasil. Este estudo ajuda a entender essa demanda, fornecendo dados para que gestores do SUS possam planejar recursos, reorganizar serviços e reduzir desigualdades no atendimento.

Método

Foi realizado um estudo transversal com 2.919 pessoas que tiveram diagnóstico de COVID-19 confirmado por RT-PCR na cidade de Rio Grande (RS). Os dados foram coletados por telefone entre junho e outubro de 2021, cerca de 6 a 10 meses após a infecção. Os participantes foram questionados sobre a presença de sintomas persistentes (COVID longa) e o uso de serviços de saúde. A análise estatística buscou associações entre os sintomas e a frequência de uso dos serviços.

Público-Alvo

Adultos que tiveram COVID-19, com e sem sintomas de COVID longa, residentes na cidade de Rio Grande (RS).

Categoria: Pesquisa em Humanos

Abrangência Geográfica do Estudo

Nível: Municipal

Local: Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil

Principal Resultado

Pessoas com COVID longa usam mais os serviços de saúde do que aquelas que se recuperaram sem sintomas persistentes. O estudo identificou um efeito 'dose-resposta': quanto maior o número de sintomas, maior a procura por Atenção Primária, serviços de emergência e especialistas. Sintomas neurológicos (dor de cabeça, perda de memória) levaram a maior busca por médicos especialistas, enquanto sintomas respiratórios e digestivos aumentaram o uso de serviços de emergência.

Contribuição para Saúde Pública/SUS

O estudo fornece evidências concretas de que a COVID longa aumenta a pressão sobre a Atenção Primária, os serviços de emergência e a atenção especializada. Essa informação é crucial para gestores do SUS planejarem a alocação de equipes, a reorganização de fluxos de atendimento e a capacitação de profissionais para lidar com as sequelas da doença.

Estágio da Pesquisa

Aplicada em campo

Possíveis Aplicações

Apoio à Gestão

Os resultados podem ser usados para desenvolver um sistema de triagem e estratificação de risco na Atenção Primária. Pacientes com múltiplos sintomas ou com sintomas específicos (neurológicos, respiratórios) poderiam ser identificados e direcionados para linhas de cuidado adequadas, otimizando o uso de recursos e evitando encaminhamentos desnecessários ou tardios para a atenção especializada.

Abrangência da Aplicação

Nacional

Embora o estudo tenha sido realizado em um município, a COVID longa é um desafio de saúde pública em todo o Brasil. Os padrões de sintomas e a necessidade de reorganização do SUS são aplicáveis a outros contextos municipais e estaduais.

Cenário de Aplicação

Misto

Recomendações para o Sistema de Saúde

Mudança de Prática/Protocolo

O artigo recomenda explicitamente que os serviços de saúde no Brasil sejam reorganizados e adaptados para garantir tratamento e cuidado adequados às pessoas com COVID longa. Sugere estratégias como recomposição das equipes, educação continuada dos profissionais, uso de teleconsultas para ampliar o acesso e implementação de consultas compartilhadas para otimizar o atendimento.

Limitações e Próximos Passos

Limitações

O estudo foi feito durante a segunda onda da pandemia, o que pode ter feito com que as pessoas procurassem menos os serviços de saúde, subestimando o uso real. Há um possível viés de sobrevivência, pois casos mais graves podem ter evoluído para óbito. O questionário não incluiu todos os sintomas de COVID longa (ex: mal-estar pós-esforço) e pode haver viés de memória dos participantes. Além disso, a análise não diferenciou o uso de serviços públicos (SUS) e privados.

Próximos Passos

Os autores sugerem a realização de novos estudos para avaliar a capacidade dos serviços de saúde em atender à nova demanda gerada pela COVID longa. Também recomendam buscar investimentos para ampliar a capacidade de atendimento com base nos padrões de uso identificados.

Principais Interessados

Grupos de Aplicação

  • Gestores do SUS (nível municipal, estadual e federal)
  • Coordenadores da Atenção Primária à Saúde (APS)
  • Profissionais de saúde da APS e da atenção especializada
  • Planejadores de redes de atenção à saúde

Financiadores Atuais

  • Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS)
  • Programa Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS)

Financiadores Sugeridos

  • Ministério da Saúde (Secretaria de Atenção Primária à Saúde - SAPS; Secretaria de Atenção Especializada à Saúde - SAES)
  • Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
  • Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde

Benefício Já Gerado

Status: Não

O estudo é um diagnóstico da situação e não uma intervenção. Seu benefício é fornecer dados para orientar futuras ações de gestão e planejamento no SUS.